O consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças brasileiras tem gerado um alerta significativo para a saúde pública. Produtos como biscoitos, farinhas instantâneas e chocolates estão no topo da lista dos mais consumidos, segundo um estudo recente. Especialistas destacam a necessidade urgente de educar sobre alimentação saudável e limitar a publicidade desses produtos para proteger a saúde infantil.
Uma pesquisa divulgada em 2024 pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) revelou que quase 25% da dieta de crianças brasileiras até cinco anos é composta por alimentos ultraprocessados. Este dado alarmante destaca os riscos potenciais para a saúde a longo prazo, incluindo obesidade e doenças crônicas.
O estudo, conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou que os alimentos ultraprocessados mais consumidos incluem biscoitos doces e salgados, farinhas instantâneas, chocolates, sorvetes, gelatinas e bebidas lácteas. Esses produtos são criticados por especialistas devido aos riscos que apresentam, como obesidade e problemas cardiovasculares.
A análise dos hábitos alimentares de 14.505 crianças em 123 municípios brasileiros mostrou que 24,7% da dieta infantil é composta por ultraprocessados. Em contraste, alimentos in natura representam 48,4% da alimentação, enquanto o leite materno constitui 15,4%. Para crianças entre 2 e 5 anos, o consumo de ultraprocessados chega a 30,4%, um dado preocupante.
Embora o estudo do Enani não tenha analisado as merendas escolares, é sabido que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) permite que até 20% dos alimentos comprados sejam processados ou ultraprocessados. Um estudo de 2023 da USP mostrou que biscoitos estão entre os itens mais comprados para merendas, superados apenas por carne bovina, frango, leite em pó e banana.
A nutricionista Caroline Romeiro, do Conselho Federal de Nutrição, alerta que muitos produtos vendidos como saudáveis, como minibolos e iogurtes, contêm longas listas de ingredientes e aditivos, prejudicando a saúde infantil. O estudo do Enani também revelou que 60,6% da alimentação de crianças entre seis meses e dois anos é composta por doces e açúcares, aumentando para 80,4% entre crianças de 2 a 5 anos.
Para combater o consumo excessivo de ultraprocessados, especialistas sugerem promover a educação alimentar nas escolas e famílias, implementar políticas públicas que limitem a publicidade desses alimentos, facilitar o acesso a alimentos frescos e nutritivos, e oferecer incentivos para a produção e consumo de alimentos saudáveis.
As consequências do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados são graves e podem comprometer a saúde das futuras gerações. Portanto, é crucial adotar medidas para reverter essa tendência e garantir um desenvolvimento saudável para as crianças brasileiras.