Jejum intermitente aumenta compulsão alimentar, comprova estudo brasileiro

Letícia Durski By Letícia Durski

O jejum intermitente tem se tornado uma das práticas mais populares no mundo da alimentação e saúde, sendo promovido como uma estratégia eficaz para perda de peso e melhoria na saúde metabólica. Porém, um estudo recente realizado no Brasil revelou que o jejum intermitente pode, na verdade, aumentar a compulsão alimentar em algumas pessoas. Este estudo, realizado com um grupo de voluntários que praticavam o jejum intermitente regularmente, trouxe à tona uma nova perspectiva sobre os efeitos dessa prática no comportamento alimentar. O artigo a seguir explora como o jejum intermitente pode contribuir para o aumento da compulsão alimentar e as implicações para aqueles que adotam essa abordagem.

De acordo com o estudo, os participantes que praticaram o jejum intermitente apresentaram um aumento significativo na sensação de fome e, em muitos casos, relataram episódios de compulsão alimentar após as janelas de jejum. Isso ocorre porque, ao passar longos períodos sem se alimentar, o corpo experimenta uma queda nos níveis de glicose e energia, o que pode desencadear um desejo incontrolável por alimentos ricos em açúcar e gordura. Esse comportamento foi observado principalmente em pessoas com histórico de transtornos alimentares ou que já tinham uma tendência a episódios de compulsão.

O aumento da compulsão alimentar no jejum intermitente pode ser explicado pela alteração no equilíbrio hormonal causada por essa prática. Quando o corpo fica privado de alimentos por várias horas, ele libera hormônios como a grelina, responsável pela sensação de fome, em níveis mais elevados. Por outro lado, hormônios como a leptina, que sinalizam saciedade, diminuem. Esse desajuste hormonal pode resultar em episódios de comer em excesso, especialmente quando o período de jejum é rompido, aumentando a ingestão de calorias de forma descontrolada.

Outro fator relevante abordado no estudo brasileiro é o impacto psicológico do jejum intermitente. Para muitas pessoas, a prática de restrição alimentar pode gerar um ciclo vicioso de privação e recompensa. A sensação de restrição durante o jejum pode fazer com que a pessoa se sinta ainda mais propensa a buscar alimentos altamente palatáveis ao final do período de jejum, o que agrava a compulsão alimentar. Além disso, o estigma associado à prática de jejum pode fazer com que algumas pessoas sintam vergonha ou frustração ao não conseguirem controlar o impulso de comer de forma exagerada após o jejum.

Apesar dos benefícios conhecidos do jejum intermitente, como a melhoria nos marcadores de saúde metabólica e a redução do risco de doenças crônicas, o estudo brasileiro sugere que os efeitos colaterais podem ser mais graves para algumas pessoas. Em casos de indivíduos com predisposição genética a transtornos alimentares ou com histórico de distúrbios emocionais, o jejum intermitente pode ser um fator desencadeante de compulsão alimentar. Isso levanta uma preocupação importante sobre a necessidade de uma abordagem personalizada quando se trata de dietas restritivas e práticas alimentares.

A compulsão alimentar associada ao jejum intermitente também pode impactar negativamente o bem-estar emocional dos praticantes. A sensação de perder o controle sobre a alimentação pode gerar sentimentos de culpa e ansiedade, prejudicando a autoestima e a qualidade de vida. A pesquisa indica que os participantes que experimentaram episódios frequentes de compulsão alimentar durante o jejum relataram também um aumento na frequência de emoções negativas, como estresse e depressão, o que sugere que a relação entre alimentação e saúde mental é mais complexa do que se imaginava.

Além disso, a relação entre jejum intermitente e compulsão alimentar pode afetar a longo prazo o comportamento alimentar dos indivíduos. O estudo aponta que, ao adotar o jejum intermitente como estratégia de emagrecimento, muitas pessoas acabam desenvolvendo uma relação disfuncional com a comida, que vai além da questão do controle de peso. A prática pode fortalecer a ideia de que a comida deve ser tratada como algo que precisa ser controlado, o que pode gerar um ciclo de distúrbios alimentares e compulsão que é difícil de quebrar.

Por fim, é essencial destacar que o jejum intermitente pode ser uma opção válida para algumas pessoas, especialmente quando feito de maneira supervisionada e com consciência de seus efeitos no corpo. No entanto, o estudo brasileiro alerta para os riscos associados ao aumento da compulsão alimentar, que não podem ser ignorados. A chave para uma abordagem saudável e equilibrada é reconhecer os sinais do corpo e ajustar as práticas alimentares de acordo com as necessidades individuais, sempre com o acompanhamento de profissionais de saúde qualificados.

Em conclusão, o estudo brasileiro comprova que o jejum intermitente pode, sim, aumentar a compulsão alimentar em alguns casos, evidenciando a importância de entender como essa prática afeta o corpo e a mente de maneira única para cada pessoa. Antes de adotar qualquer estratégia alimentar, é fundamental refletir sobre os potenciais riscos e benefícios, e buscar orientação profissional para garantir que o jejum intermitente, caso seja escolhido, seja realizado de forma segura e adequada.

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